(335 palavras) A história de A.P. “Morte de um oficial” de Chekhov se refere à categoria de obras anedóticas nas quais o autor considera o problema tradicional da literatura russa (a vida de um “homenzinho”) através do prisma do riso. Mesmo durante a primeira leitura, é evidente uma discrepância clara entre o enredo dramático e o tom cômico da narrativa. Por um lado, já está claro no título que no final da história do oficial Chervyakova espera a morte (a primeira palavra no título é "morte", a última palavra na história é "morta", isso cria uma composição de anel ligada à morte do herói), no entanto o incidente e a causa da morte do personagem são tão absurdos que a história trágica é percebida como uma piada.
Certa vez, sentado em uma sala de concertos, Chervyakov espirrou e acidentalmente pulverizou o general Brizzhalov, que estava sentado na frente. Isso completa o enredo da história e começa o desenvolvimento da ação, que consiste nas tentativas de Chervyakov de pedir desculpas ao general. É aqui que a inovação de Chekhov em retrabalhar a imagem do "homenzinho" se manifesta: ninguém pede ao personagem que peça desculpas até cinco vezes, se humilhe com seus superiores, implore perdão, pois o general, na verdade, não se importa com o oficial e tenta esquecer sobre o que aconteceu. Mas ele não consegue, porque o culpado do incidente está tentando, de todas as maneiras possíveis, não apenas se lembrar de sua culpa, mas também convencer Brizzhalov de que ele é muito culpado diante dele. E quando o general não se levanta e persegue Chervyakov, não querendo mais ouvir suas desculpas, o mundo do homenzinho entra em colapso, ele não entende o quão honroso pode ser não agradar uma pessoa de alto escalão.
O título “Morte de um oficial” não se refere tanto à morte física como à morte espiritual. O rasto voluntário e o auto-humilhação, bem como a persistência com que o funcionário está tentando convencer o general de sua culpa, demonstram uma completa perda de dignidade humana. Tendo atribuído esse título à história, Chekhov não apenas removeu imediatamente a intriga, revelando o destino do herói (o leitor, mesmo quando começa a ler a história, sabe que o personagem morrerá), mas também destacou o principal problema do texto - a corrupção moral de uma pessoa cuja psicologia está próxima. a visão de mundo do "homenzinho", que não pode imaginar sua vida sem reverência. Assim, o autor se concentra no fato de que o mal não vem tanto de pessoas que têm poder, mas daqueles que tentam fazer de tudo para agradar aos que estão no poder.